O filme extasia desde o começo um intróito luminoso e cheio de júbilo, pleno de verdor e encantamento, espaço paradisíaco magnificante fotografado em tecnicolor. Com a sensibilidade de um mestre - um mestre poeta - Stevens transmite ao telespectador a situação e o método existencialista dos personagens essenciais e a eminência das lutas e/ou episódios complicados e patéticos que virão em seguida. Mas, sobretudo permanece na lembrança do espectador o modo como o cineasta com o emprego da teleobjetiva, fixa a solidão da paisagem: a humildade do povoado, a ruazinha, o diminuto saloon, detalhes que dão idéia do perfeccionista diretor de Um Lugar ao Sol (A Place in the Sun), este, por sinal, denominado por Charles Chaplin, quando de sua estréia em 1951, "O melhor filme jamais saído de Hollyood". Já que falamos sobre a belíssima cena que inaugura o filme, mencionamos, para encerrar estas notas, a sua conclusão: ao contrário do início, o desnlance de SHANE se realiza num ambiente quase turvo, entre reflexos morrediços, a atmosfera medonhamente escura, a noite aterradora cobrindo o enregelado vácuo de um espaço e tempo infinitos. Espaço e tempo que formam a estrutura de uma obra ímpar, único "Western" dirigido por George Stevens, mas que reúne a grandeza e a permanência encontáveis nos mais altos momentos de um especialista do gênero, o irlandês John Ford.
(Texto de João Charlie Fernandes, publicado no zine alternativo do Sebo Vermelho).
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