quarta-feira, 7 de maio de 2008

A MÚSICA NO CINEMA: COMPOSITORES

Encontro Venâncio Pinheiro, na Confraria do Sebo da Praça, onde se reunem toda sorte de poetas, artistas das mais diversas áreas, loucos, escritores, intelectuais, compositores, restos de uns boêmios, profissionais liberais, autoridades (de "sordado de pulíça" a "dotô" juiz), e desocupados em geral. Todos com suas crises existencialistas... Pois bem, Recebo dele a notícia de que "Na Calçada do Rio Grande" não é baton, mas anda nas bocas dos cinéfilos papas-jerimum. Acrescentou que Moacy Cirne, lá das bandas de Jardim do Seridó, sertão norte-rio-grandense, mas, radicado na "Cidade Maravilhosa" desde 1967, se encarregará de boatar minha página junto à torcida "Pó de Arroz" das Laranjeiras. Moacy é um dos "pais" do chamado Poema Processo, no Rio de Janeiro, enquanto Anchieta Fernandes e Falves Silva, entre outros, comandavam o movimento na terra de Cascudo. Isso foi em 1967. Há quem diga que a primeira paixão de Moacy foi uma tal Esther Williams... Como a garota não correspondeu ele jogou seu charme para cima do Fluminense, arriando os 4 pneus.

Entre críticas e elogios Venâncio me dá uma tremenda "cantada" para escrever sobre as belíssimas canções que dão vida aos filmes e que deixa os apaixonados de plantão com um pé na porta da igreja. Missão quase impossível, mas, lá vai...

Vou começar por Victor Young (1900-1956), um dos meus preferidos. O filme Rio Bravo (Rio Grande, 1950), traz em sua belíssima partitura inicial a marca deste famosíssimo maestro. O diretor John Ford não era muito entusiasmado com músicas em seus filmes, mas, permitiu que Young musicalizase este - que é considerado "o mais musical dos filmes de Ford", escreveu alguém certa vez. Young é um velho conhecido entre cinéfilos de todo o planeta. Por sua batuta passaram as trilhas sonoras de Por Quem os Sinos Dobram (For Whom the Bell Tolls, 1943), Sansão e Dalila (Samson of Dalilah, 1949), e O Maior Espetáculo da Terra (The Greatest Show on Earth, 1952). Seu Oscar por A Volta ao Mundo em 80 Dias (Around the World in Eighty Days, 1956) foi póstumo.

Max Steiner (1888-1971) foi outro que mexeu com sentimentos alheios. "Quem não se lembra do 'Tema de Tara' que acompanha a saga de Scarlett O'Hara e Rhett Butler em E O Vento Levou (Gone With the Wind, 1939); ou da maravilhosa valsa para Bette Davis em Jezebel (idem, 1938), ou ainda as variações da canção 'As Time Goes By' que traduzem o romance de Rick e Ilza em Casablaca (idem, 1942)?", perguntou Paulo Rogério Mancini, em seu artigo "MAX STEINER - MAESTRO ROMÂNTICO", na Revista Set. Steiner também fez as trilhas de O Sargento York (Sergeant York, 1941), A Estranha Passageira (Now Voyager, 1942), O Gavião e A Flexa (The Flame and the Arrow, 1950), Candelabro Italiano (Rome Adventure, 1962) e o belíssimo Os Nove Irmãos (Spencer's Mountainn, 1963). Steiner foi indicado 25 vezes ao Oscar e "influenciou e desenvolveu a trilha musical como elemento fundamental nos filmes". Sobre ele, declarou Bette Davis - para quem havia composto 20 trilhas: "Max sabe mais sobre arte dramática que qualquer um de nós."

O diretor inglês David Lean gostava de Maurice Jarre (1924-) para musicar seus filmes: Lawrence da Arábia (Lawrence of Arabia, 1962), Doutor Jivago (Doctor Zhivago, 1965), A Filha de Ryan (Ryan's Daughter, 1970) e Passagem Para a Índia (A Passage to India, 1984), foram os principais. Entretanto a famosa marcha inglesa "Colonel Bogey" - que se inicia sendo assobiada pela tropa de prisioneiros comandada pelo coronel Nicholson (Alec Guinness), no filme A Ponte do Rio Kwai (The Bridge on the River Kwai, 1957, executada até hoje por bandas marciais em todo o mundo - ficou sob a responsabilidade do Maestro Malcolm Arnold (1921-2006).

Nino Rota (1911-1979), preferido de Fellini em Os Boas-Vidas (I Vitelloni, 1953), A Doce Vida (La Dolce Vita, 1959) e Oito e Meio (Otto e Merzzo, 1963). Compôs clássico para Rocco e Seus Irmãos (Rocco e in Suoi Fratelli, 1960) e O Poderoso Chefão (The Godfather, 1972).

Henry Mancini (1924-1994) nos deixou trilhas para A Marca da Maldade (Touch of Evil, 1958), Bonequinha de Luxo (Breakfast at Tiffany's, 1961); e agora me diga, pelas cinco chagas de Cristo, quem nos anos 60 não assobiou "O Passo do Elefantinho" (Baby Elephant Walk), do filme Hatari (idem, 1962)? Mancini misturou sons da África "selvagem" com franceses e o resultado foi uma obra prima da música de cinema.

Miklós Rózsa (1907-1995) nos deu as trilhas de Quo Vadis (idem, 1951), Ben-Hur (idem, 1959), El Cid (idem, 1961), e Reis dos Reis (King of Kings, 1961). Rózsa teve 17 indicações ao Oscar, tendo recebido um por Quando Fala o Coração (Spellbound, 1945).

John Barry (1933-) ganhou um Oscar por "Born Free" (1966). As trilha de O Satânico Dr. No (Dr. No, 1962), Moscou contra 007 (From Russian With Love,1963), e 007 Contra Goldfinger (Goldfinger,1964), também são suas.

O gênio Leonard Bernstein (1918-1990) fez o seu inesquecível e antológico Amor Sublime Amor (West Side Story, 1961). Sua primeira trilha para o cinema foi Um Dia em Nova Iorque (On the Town, 1949), depois fez Sindicato dos Ladrões (On the Waterfront, 1954).

Alfred Newman (1901-1970), considerado uma das expressões máximas dos compositores que fizeram a grande música do cinema - como todos os aqui citados -, tinha um "estilo essencialmente lírico, operístico, dramático e expressivo. Seu método de compor era, predominantemente, a colocação da atmosfera mais do que 'leit-motifs', a música se contrapondo à ação do filme - basicamente o estilo inventado e empregado por Max Steiner", escreveu Antônio Carlos Barbosa Dias, crítico de cinema. O tema de abertura da Fox é de Newman. Entre suas principais trilhas: Gunga Din (idem, 1939), O Egípcio (The Egyptian, 1953), O Manto Sagrado (The Robe, 1953), Suplício de Uma Saudade (Love is a Many Splendored Thing, 1955), e O Pecado Mora ao Lado (The Seven Year Itch, 1955). Indicado 45 vezes ao Oscar, levou nove para casa.

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