segunda-feira, 13 de junho de 2011

JOHN FORD: ESQUECIDO OU IGNORADO?

Esta é a Revista Época de 11 de junho de 2001. Edição 160. Entre seus habituais artigos e reportagens, o resultado de uma enquete sobre o cinema foi publicada. E a meu ver, com uma falha homérica. Trata-se da ausência de um dos nomes mais importante da História da Sétima Arte: John Ford.


Participaram os críticos de cinema - Luiz Carlos Merten, Eduardo Souza Lima e Rubens Ewald Filho. Diretores - Daniel Filho, Walter Sales, Carla Camurati. Os atores Paulo Betti, José Wilker, a atriz Marília Pêra. Os jornalistas Ruy Castro, Ana Maria Bahiana, entre tantos outros. Ao todo 38 pessoas ligadas à arte cinematográfica. 261 filmes foram citados e só 15 eles consideraram indispensáveis. Depois de ver a lista dos escolhidos, pensei com ironia, são sempre os mesmos! E por não aceitá-los, enviei um e-mail - em 20 de junho - à redação da revista com o meu veemente protesto na íntegra:


Seu nome era John Martin Feeney. Ou John Augustine Feeney. Ou ainda Sean Aloysius O'Feeney. Os amigos o chamavam de "Jack". O crítico português, Paulo Rocha, o chamou de "O Último Poeta de uma Civilização Eletrônica". Glauber Rocha o chamou de "O pirata". Enquanto isso os índios navajo o chamava, respeitosamente, de "Natani Nez" - o Alto Chefe. Mas, diante uma Comissão do Senado Americano, identificou-se formalmente: "Me chamo Jonh Ford. Faço Western!"



Em sua bagagem filmográfica encontram-se 141 filmes e seis Oscars (recorde ainda não igualado). Quatro por Longas-metragens e dois por documentários. É considerado "o maior cineasta americano do período sonoro, mestre absoluto do faroeste". Conta-se que Orson Welles viu "No Tempo das Diligências" (Stagecoach/1939) 40 vezes, antes de rodar o seu consagrado "Cidão Kane" (Citizen Kane/1941); e quando lhe perguntaram quais os três maiores diretores de Hollywood, respondeu: "os velhos mestres John Ford, John Ford e John Ford".

Curiosamente este gênio da Sétima Arte não teve um único filme votado entre "As 15 Obras Cinematográficas do Século" (Época edição 160). É lamentável que os nossos críticos só se sintam intelectualmente seguros citando Fellini, Murnau, Visconti, Eisenstein, Godard, Truffaut e Renoir. Parece que a falta de prostituição, violência, traições conjugais e miséria, em películas de Ford, o condene a omissão.

Os escolhodos foram:

NOTA - Resposta da Redação em 21 de junho de 2001: "Prezado César, agradecemos o envio de sua mensagem. seus comentários a respeito da reportagem "Os filmes que ninguém deve deixar de ver" foram transmitidos ao editor. Esperamos continuar contando com a sua atenção e participação.

Um abraço da Redação

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