segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

A ARTE DE FALAR MAL: O JORNALISTA SEGUNDO FORD

Esta semana, em numa das muitas ruas sujas da Cidade do Natal, encontrei um folheto intitulado de Guia Cultural, editado em algum lugar por alguém que não vem ao caso. Folheie aleatoriamente e, na última página, me deparei com a crônica “A Arte de Falar Mal”, assinada pelo jornalista Paulo Araujo – funcionário da TV de propriedade da prefeita. No texto o rapaz se mostra um tanto indignado com aqueles que não estão “sintonizados” com a gestão “borboleta” que administra nossa cidade. Na verdade o conteúdo nada mais é do que uma forma de exercitar seu pleno exercício do puxa-saquismo. Aliás, ele termina desafiando os contribuintes insatisfeitos, como eu, a ir morar na África. É mole?

Como diria Jack O Estripador, “vamos por parte”. Primeiro ponto: quando a senhora Micarla de Sousa apareceu no Programa Eleitoral, se dizendo “jornalista”, confidenciei a um amigo: “ela pode ser qualquer coisa, menos jornalista. Todo cinéfilo “fordiano” aprende no filme O HOMEM QUE MATOU O FACÍNORA - The Man Who Shot Liberty Valance/1962, de John Ford – que um jornalista não pode ser um político:

- “Não! Não! Não aceito a indicação. Sou jornalista e não político. Eu faço os políticos. Eu os ponho lá em cima e depois os destruo. Não quero ser um. Não poderia ser um. Seria minha ruína. Povo de Shinbone sou a sua consciência. Sou a voz silenciosa que ecoa na noite. Sou o seu cão-de-guarda que espanta os ‘lobos’. Sou seu confessor”! Berra, literalmente, de dedo em riste, Dutton Peabody – vivido por Edmond O’Brien. “Fundador, proprietário, editor e faxineiro” do Shinbone Star. O jornal da cidade onde se desenrola a trama do filme, estrelado por John Wayne, James Stewart e grande elenco.

Segundo Ponto: em sua campanha a ”borboleta” se dizia impressionada com a cidade de Bogotá e que iria adotar aquele “modelo” de administração. Pois bem, 7:00HS da manhã da última quarta-feira andando pela rua princesa Isabel, entre a Ulisses Caldas e general Osório (três quarteirões) fiquei chocado com a quantidade de lixo espalhados sobre as calçadas. Folhas secas “entapetando” a rua, e calçadas quebradas trazendo riscos de acidente aos transeuntes (o Calçadão da João Pessoa é um caos à parte). A Rio Branco - a avenida principal da Cidade Alta. Bairro onde se concentram as principais lojas, bancos e escritórios - também tomada pelo lixo e fedor, digna de uma verdadeira pocilga (com todo respeito à “galera” suína!), A rua vigário Bartolomeu, de ponta a ponta (agravando-se na altura da praça Pe. João Maria). O nosso querido beco cultural, o popular “Beco da Lama” (Rua Dr. Francisco Ivo) a água servida é uma constante, sem que um representante de saúde o interdite para os reparos necessários. A coronel Cascudo, meu Deus! Àquela hora da manhã eu já vinha de Ponta Negra, onde esgotos podres disputam o “cartão postal” com o Morro do Careca (vou evitar falar do abandono da praia do Meio). Na vila de Ponta Negra, coisa de 2:00HS quase rebentei o carro serpenteando os buracos da rua jornalista José Mussolini Fernandes. Pensei: “meu grande amigo, de saudosa memória, colega filatelista, Mussolini, de relevante contribuição a imprensa, e a filatelia, norte-rio-grandense não merece uma rua assim.”

Terceiro ponto: o jornalista acima citado, também estava encantado com a decoração natalina. Naturalmente ele se referia aquela do “corredor turístico”: as avenidas Eng. Roberto Freire-Salgado Filho-Hermes da Fonseca. Sim, porque no centro de Natal não há uma vela acesa lembrando o nascimento do Menino Salvador.

Será esse o modelo que merecemos? Ruas imundas, esburacadas e escuras com lixos por toda parte? É claro que não! Queremos um lugar com qualidade de vida: saneamento básico, coleta de lixo e limpeza das ruas. Então, só nos resta torcer para que a nossa prefeita jogue fora seu projeto colombiano de administrar e “clone”, com urgência, o modelo holandês, onde a cidade é entregue, a cada manhã, limpa e cheirosa. Faço minhas as palavras do amigo Cláudio Serra: “nunca havia visto Natal tão desprezada”. Osório Almeida emendou: “uma cidade maquiada. Virtual”.

F. César Barbosa – Articulista

Cidade do Natal, 17 de dezembro de 2009

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