sexta-feira, 18 de setembro de 2009

OS CÃES TAMBÉM AMAM


Recentemente em conversa com um colega cinéfilo discutíamos o “horrível título”, segundo ele, para o filme Shane (1953, de George Stevens), que no Brasil recebeu o nome de OS BRUTOS TAMBÉM AMAM. Inconformado porque, para ele, “Shane” era um amável pistoleiro, procurando outras paragens, tentando mudar o rumo de sua vida. 

O que acontece com meu amigo é quase unanimidade entre os apaixonados por aquela película. Ocorre que o título acima não foi dado em função da personagem vivido por Alan Ladd. E sim, por causa de um cachorro, cujo dono, Frank 'Stonewall' Torrey (“Paredão”), vivido por Elisha Cook Jr.,é friamente assassinado por Jack Wilson (Jack Palance) - Aliás, é infantil de minha parte, mas, eu jamais o perdoei pela covardia cometida contra o velho colono. Durante o funeral o cão “chora” e late batendo com a pata no caixão, enquanto este desce à sepultura cavada no solo fértil do Wyoming. A cena é de cortar coração. E reza a lenda de que foi por causa dela que o distribuidor, no Brasil, decidiu dar o polêmico título do filme de “OS BRUTOS TAMBÉM AMAM”. 


Em 1963 a morte do pernambucano Raimundo Jacó foi eternizada no “LP” PISA NO PILÃO – FESTA DO MILHO, na voz do eterno Luiz Gonzaga, que registrou, na 4ª faixa do lado “A”, a antológica música A MORTE DO VAQUEIRO. Sua terceira estrofe diz “... Sacudido numa cova/Desprezado do Senhor/Só lembrado do cachorro/Que inda chora a sua dor/É demais tanta dor/A chorar com amor...” 

Duas cenas do cotidiano do "Velho Oeste". Uma nos Estados Unidos e outra no Nordeste brasileiro. Coube a George Stevens e Luiz Gonzaga expor a sensibilidade; o sentimento sincero e maior de um “animal bruto”, em relação a seu dono. (CB)

NOTA: a cena do caixão, no enterro de “Paredão”, foi feita com o verdadeiro dono do cão por dentro. Por isso a insistência do animal batendo com a pata na urna mortuária.

Nenhum comentário: