segunda-feira, 5 de setembro de 2011

ELE ELA ENTREVISTA JOHN WAYNE

“Sessenta e sete anos, mais de 200 filmes, símbolo lendário do Oeste bravio, John ‘Duke’ Wayne é também, para seus adversários, porta-voz dos americanos conservadores, um inveterado reacionário. Porém, como disse um deles: ‘Eu gostaria de odiar Wayne, mas não consigo. Ele é uma espécie de Hitler charmoso.” Nessa entrevista, Duke abre o jogo e diz o que pensa do cinema moderno, dos índios, da guerra, de Nixon e do Womens’s lib.”
ELE ELA – O que você pensa da opinião de Marlon Brando sobre racismo da maioria dos westerns, incluindo Rastros de Ódio, interpretado por Jonh Wayne?

Wayne – Uma coisa é você mostrar como os índios eram doces e decentes e como nós, os brancos, éramos perversos. Outra coisa é o progresso. Não se pode parar o progresso. Seria ridículo deixar apenas uns três milhões de pessoas no território dos EUA e dizer: “Fiquem com tudo isso para vocês.”

ELE E ELA – Mas o que vocês acha da caracterização dos índios peles-vermelhas como facínoras?

Wayne – Bem, não duvida que os índios, sobretudo os índios do sul, eram as pessoas mais cruéis e traiçoeiras do mundo. Sua cultura era uma brutalidade completa. Deus do céu! Eles arrancavam com faca os corações dos brancos! Nós não fomos tão cruéis com eles quanto eles forma conosco.

ELE ELA – E qual a sua opinião sobre o excesso de violência no cinema moderno?

Wayne - A pior possível. Não tenho visto filmes que me agradem, ultimamente. São tão corruptos, ou o enfoque é tão grosseiro, que eu saio da sala de projeção no primeiro rolo. Hoje, os cineastas só querem chocar o público.

ELE E ELA – Você gostaria de fazer carreira política?

Wayne – Absolutamente não! Detesto os políticos. Nosso país cresceu tanto que a capacidade de liderança e a integridade deixaram de ser os requisitos básicos para o poder público. O que funciona hoje ou é a publicidade ou são as manobras políticas adoro o meu país, uma terra maravilhosa, mas discordo de muita coisa que anda acontecendo. Por exemplo, esses jovens que destroem pontes e desrespeitam toda forma de autoridade.

ELE E ELA – Mas os jovens são contra a guerra...

Wayne – Não são! É uma impressão ridícula. Acontece que a minoria de pessoas que se opuseram à guerra do Vietnã, por exemplo, foi servida por uma imprensa bastante liberal que procurava temas provocantes para vender mais jornal. Fiz um discurso na Universidade da Califórnia do Sul, para 18 mil garotos. Foi a primeira vez que alguém lhes disse que não podiam fazer o que bem entendessem. Eu não sabia se eles iriam me jogar travesseiros ou tomates, mas a audiência ficou de pé e começou a me aplaudir. Isso me mostrou que os estudantes querem liderança.

ELE ELA – Não considera isso um certo paternalismo?

Wayne – Não. Os estudantes necessitam de uma pessoa madura para lhes ensinar o que eles precisam saber ser a verdade. Cem garotos podem fazer bagunça numa universidade, mas os outros 18 mil não querem saber disso. Querem um líder melhor do que os professores.

ELE ELA - E Watergate?

Wayne - Foi um triste episodio em nossa história. Aqueles homens estavam errados, abusando do poder, mentindo e cometendo perjúrio. Mas felizmente o sistema continua de pé Crucificaram Richard Nixon. Porém, quando a história desse período realmente for escrita, acreditem, Watergate será apenas uma nota de pé de pagina. Tenho uma grande admiração por Nixon, sobretudo pelo modo como ele administrou o país, contra as pressões dos liberais. Acho que ele foi injustiçado. Nixon teve a coragem de arrasar Haiphong para acabar com a guerra do Vietnã e trazer de volta para casa os nossos 520 mil soldados. O povo americano devia ser grato a ele.

ELE ELA – Seu apoio a Nixon vem desde os anos 40, quando da perseguição aos comunistas nos EUA. Muita gente acusou você de haver denunciado colegas seus.

Wayne – Em toda a minha vida, jamais fiz coisa dessas. Sempre combati o comunismo de outras formas, abertamente. Para mim, o comunismo era e ainda é uma ameaça. Sei que as pessoas têm direito a seus pontos de vista, mas também temos direito de não querer ver nossos filhos com os pontos de vista deles, os comunistas.

ELE ELA – Rapidamente: o que você acha do Women’s Lib?

Wayne – Acho que as feministas têm direito de fazer suas passeatas e trabalhar fora de casa, se quiserem. Mas desde que a gente tenha o jantar pronto na mesa quando sentirmos fome.

ELE E ELA – E a permissividade sexual de filmes recentes? Você viu O Ultimo Tango em Paris?

Wayne – Sem querer fazer sermão, defino-o em duas palavras: rasteiro e vulgar.

NOTA: esta entrevista foi dada no ano de 1974 a Revista ELE ELA.

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