Hoje faz 60 anos da partida do dublê, e ator fordiano, Fred Kennedy. Foi um dos maiores e melhores dublês da História do Cinema - faroeste, em particular.
Nascido Frederick O. Kennedy, em Ainsworth, estado
norte-americano de Nebraska, em 1909. Tinha 1,75 de altura e foi um
"ás" em cair de um cavalo. Contudo, sua filmografia é pequena: 19
filmes como dublê. 10 filmes como ator, atuando sempre em pequenos papéis.
Em alguns filmes seu nome nem foi creditado. O primeiro em
que trabalhou foi "The Old Barn Dance"/1938, de Joseph Kane. Depois,
"As Aventuras de Robin Hood" (The Adventure of Robin Hood/1938), de
Michael Curtiz e William Keighley.
Em 1948 atuo, como dublê, no filme "Rio Vermelho"
(Red River), de Howard Hawks, a sombra de John Wayne. O "Duke" dava o
maior valor as pessoas simples, mas com competência. Tratou de apresentá-lo ao
mestre John Ford, que imediatamente o escalou para atuar (mesmo que num pequeno
papel) no filme " Legião Invencível" (She Wore a Yellow Ribbon/1949).
Ganhando a confiança do velho diretor, em 1950 Fred Kennedy
foi contratado para trabalhar nos filmes "Caravana de Bravos" (Wagon
Master) e "Rio Bravo" (Rio Grande), ambos de John Ford.
Em 1952 voltou como dublê no filme "Depois do
Vendaval" (The Quiet Man), também de Ford, todo rodado na Irlanda.
Ainda com John Wayne, trabalhou nos filmes "Hondo -
Caminhos Ásperos" (Hondo/1954), de John Farrow, e "Rastros de Ódio"
(The Searchers/1956), de John Ford.
No Segundo semestre do ano de 1958, Fred Kennedy recebeu um
convite para atuar como dublê, e fazer um pequeno papel como soldado da
Cavalaria Americana durante a Guerra de Secessão. O filme, "Marcha de
Heróis" (The Horse Soldiers/1959).
Tudo estava indo bem com as filmagens, mas com o Natal se
aproximando, o ator foi falar com o diretor do filme. Agradeceu o papel, mas
explicou que gostaria de ganhar um extra para poder comprar alguns presentes
para a família. Comovido, e sabendo que, como ator coadjuvante (quase um
figurante), a diária era pouca, Ford acabou alterando o roteiro de John Lee
Mahin e Martin Rackin, criando algumas cenas de ação envolvendo o major médico,
Henry Kendall (William Holden) e a linda fazendeira sulista, Hannah Hunter
(Constance Towers).
Naquele dia, 5 de dezembro de 1958, em Natchitoches,
Louisiana, o dia estava ótimo para filmagens. Fred passara os últimos três dias
treinando a queda - que não estava prevista originalmente no roteiro.
Tudo estava dando certo. Na hora das filmagens, William
Holden fez suas cenas, com os cortes nos momentos necessários. Fred Kennedy foi
preparado para fazer a queda do major - ele (Kennedy) viria a galope quando o
cavalo seria atingido por um tiro, derrubando o soldado aos pés da moça
(Towers), que o socorreria. Mas, ao cair, o dublê quebrou o pescoço. A atriz,
sem saber da morte real, correu para ajudar o "major". De sua
cadeira, com um megafone John Ford gritou, "corta!" Seu gritou ecuou
junto com o de Constance Towers...
A partir dalí John Ford perdeu completamente o interesse
pelo filme. John Wayne e William Holden dirigiram as cenas finas. A estréia foi
em julho de 1959. Ford nem compareceu.
O filme "Marcha de Heróis" (The Horse Soldiers)
passou para a história do cinema como aquele que matou Fred Kennedy. Ele estava
com 49 anos.
[Chico Potengy] - Rio Grande - Fã-Clube John Wayne.
Texto de 05 de dezembro de 2018